Projeto nascido via PNAB 2024 reúne sebo Pasárgada, editoras locais e escritores; adesão alta e público fiel no 2º sábado do mês.
Troca, venda e novos autores: Feira do Livro de Ananindeua vira vitrine independente

A Feira do Livro de Ananindeua vem se firmando como ponto de encontro mensal de leitores, autores e livreiros na Praça Tancredo Neves. Nascida a partir de projetos culturais contemplados pela PNAB 2024, a iniciativa aposta na economia circular do livro: troca e venda a preços acessíveis, combinadas com espaço para estreias e relançamentos de quem escreve na cidade.
“Tudo começou com um projeto aprovado pela PNAB 2024. A ideia era uma mini-feira baseada em economia circular, somada à exposição de autores locais”, explica Raul, responsável pela organização. A proposta ganhou corpo com o sebo Pasárgada e, em conversas com o escritor e editor Alfredo Garcia, agregou editoras independentes, clubes de leitura e grupos de jovens escritores.
A primeira edição, em 10 de maio, superou as expectativas de público e vendas; a segunda, em 14 de junho, reuniu mais de 30 expositores e promoveu rodas de conversa e muita troca — de contatos e de livros. A terceira, realizada em 13 de setembro, manteve o ritmo e trouxe microfone aberto para poesia, intervenções políticas e apresentações musicais, reforçando o caráter vivo do evento.



O efeito-rede é imediato: editoras e coletivos se somam à cada data, enquanto autores locais encontram leitores. A escritora Eliane Barriga resume o clima: a feira “agrega escritores, editoras e o pessoal do sebo que está crescendo muito”, com a energia típica de um encontro ao ar livre que aproxima tendências e gera reconhecimento.
Entre os destaques, Edme Neto apresenta o universo de fantasia Joano — que opõe humanos e éteres — e um card game derivado da obra, no estilo “super trunfo”. O primeiro volume levou cerca de um ano de escrita e três meses de produção; a série prevê quatro livros, com o segundo em andamento, atraindo o público infantojuvenil.



O universo Joano, do escritor Edme Neto, nasce como uma fantasia infantojuvenil cheia de magia, aventura e aquelas escolhas difíceis que movem a jornada dos personagens. Para expandir a experiência além das páginas, o autor criou um card game ambientado no mesmo mundo, pensado para “brincar” com a narrativa: as cartas trazem modificadores de status e dinâmicas de duelo que aproximam leitores do enredo, convidando o público jovem a alternar entre leitura e jogo. A proposta é transmidial desde a origem — Edme cita influências de videogames e animes — e funciona bem na feira: dá para conhecer a história, testar as cartas e voltar ao livro com outros olhos, num ciclo de descoberta que fortalece o hábito de ler.


Joseph Junior apresentou dois títulos: Os Lobos de Aion, alegoria que dialoga com a guerra da Ucrânia e critica atitudes autoritárias, e O Resfriado do Lobo, narrativa lúdica sobre a pandemia voltada ao público infantil. Para o autor, a feira tem potencial de criar um movimento literário na cidade e a escrita pede prática constante e estudo de narrativa.



Edi Saraiva Júnior marcou presença com a Cripta Books, que se apresenta como a primeira editora de terror e suspense da Amazônia, levando ao público obras como O Jardim para Borboletas Mórbidas e O Fantasma do Valentão. Para Edi, a feira independente é uma ponte direta entre quem escreve e quem lê, abrindo espaço para editoras locais e novos catálogos.


A feira mantém a tradição: todo segundo sábado do mês é dia de livro em Ananindeua. Para datas, chamadas de expositores e novidades, acompanhe @feiradolivroananindeua. No calendário literário da cidade, a ALANIN celebra 3 anos em 26/9, às 16h, na UNAMA BR, somando força ao ecossistema que se forma em torno do livro — do sebo à editora, do autor ao leitor.
Reportagem: Lucas Miranda do Diário do Norte.