A Diagnext, fundada pelo engenheiro Leonardo Melo, concluiu uma prova de conceito no Amazonas que conectou hospitais de Manaus, Tabatinga e São Gabriel da Cachoeira para telecirurgia assistida com óculos de realidade aumentada, câmeras 3D e IA para detecção de fraturas.
Startup brasileira populariza telecirurgias com IA no Amazonas — e leva especialista “via satélite” para dentro do centro cirúrgico

A operação usou satélite de órbita baixa (Starlink), manteve latência abaixo de 600 ms e contou com parceria de hardware com a Intel. Segundo a empresa, foram ~150 cirurgias com apoio remoto e mais de 100 exames em telerradiologia no piloto.
O que aconteceu
A Diagnext realizou, em 4 de abril, um piloto que conectou três hospitais no estado do Amazonas. Do outro lado do link, um especialista acompanhava a cirurgia em tempo real por óculos de RA ligados ao centro cirúrgico, orientando a equipe local com base nas imagens 3D e nos exames do paciente. Não é “cirurgia remota” robótica: trata-se de telecirurgia assistida, com o ato cirúrgico feito pela equipe presencial e suporte do especialista à distância.
Como funciona
A arquitetura combinou vídeo bidirecional, compressão adaptativa de imagens médicas (DICOM) e links LEO via Starlink. O sistema operou com 256–512 kbps e latência <600 ms, entregando disponibilidade operacional de 99,1% durante a POC. No campo de imagem, a IA europeia de suporte identificava fraturas e fissuras, acelerando o fluxo de decisão no intra e no pós-operatório.
Números do piloto
- ~150 cirurgias com apoio remoto (casos de menor complexidade como fraturas e joelho).
- ~100 exames em telerradiologia.
- Compressão adaptativa alcançando 75–97% (SSIM médio 0,96–0,99; PSNR 38–47 dB), reduzindo o envio médio de 45 para 2 minutos e mantendo qualidade diagnóstica.
Hardware e parceiros
A operação usou Intel Xeon de 4ª geração no data center e NUCs na borda, além de estações com Alder Lake para o dia a dia. A infraestrutura de comunicação e compressão é própria da startup, construída ao longo de mais de uma década.
Por que importa para a Amazônia
Na região, onde grandes centros urbanos convivem com localidades isoladas e o acesso a especialistas é limitado, modelos de telemedicina reduzem tempo de deslocamento, custos e atrasos em procedimentos — um ganho relevante num território com desafios históricos de acesso a serviços de saúde.
O que vem a seguir
A Diagnext afirma que o modelo é replicável para outras regiões (do sertão nordestino a cenários de desastre), e que a próxima fase mira operação madura e expansão de casos de uso (ensino cirúrgico ao vivo e mais especialidades). Há apoio internacional, incluindo incentivo do governo da Espanha, segundo a empresa. Casos de alta complexidade (como cardíacos) ainda exigem validações adicionais.
Redação Diário do Norte — Ciência & Saúde.