Decisão do TRE-PA aponta esquema de corrupção eleitoral envolvendo empresa terceirizada
Senador Beto Faro (PT-PA) tem mandato cassado por compra de votos

Em uma decisão marcante nesta terça-feira (20), o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) cassou, por 5 votos a 2, o mandato do senador Beto Faro (PT-PA), eleito em 2022 com mais de 1,7 milhão de votos. A corte concluiu que houve um esquema de compra de votos envolvendo a empresa Kapa Capital, prestadora de serviços ao governo estadual
Esquema de compra de votos
O relator do processo, juiz Marcus Alan Gomes, apresentou um voto detalhado com mais de 100 páginas, destacando práticas ilícitas como corrupção eleitoral, captação ilícita de sufrágio, assédio eleitoral e abuso de poder econômico. Segundo o magistrado, a Kapa Capital organizou reuniões político-eleitorais às vésperas das eleições de 2022, envolvendo funcionários terceirizados de diversos órgãos públicos.
As provas incluem gravações ambientais consideradas lícitas, depoimentos de testemunhas e documentos certificados via blockchain. Funcionários relataram metas de votos com promessas de recompensas financeiras, como recargas de ticket alimentação no valor de R$ 475 por cada 20 votos comprovados. Além disso, houve distribuição de material de campanha durante o expediente, utilizando a infraestrutura da empresa, caracterizando abuso de poder econômico.
Participação direta e penalidades
O voto do relator evidenciou a participação direta de Beto Faro, presente em reuniões da empresa e com relação próxima aos articuladores do esquema. A decisão determinou a cassação do mandato do senador e de seus suplentes, com anulação dos votos da chapa e convocação de novas eleições no Pará. Além disso, foram aplicadas multas aos envolvidos, variando de R$ 1.064,10 a R$ 47.884,50, conforme a gravidade das condutas e a capacidade econômica dos réus.
Defesa e próximos passos
A defesa de Beto Faro afirmou confiar na Justiça Eleitoral e destacou que seu mandato foi conquistado “pelo voto livre e consciente da população paraense”. A equipe jurídica do senador deve apresentar recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com a cassação, o cenário político do Pará pode sofrer alterações significativas, já que a legislação prevê a realização de uma eleição suplementar para o Senado, não sendo permitida a posse do segundo colocado nas eleições de 2022.