Acesso cada vez mais distante

Os números já não permitem projeções otimistas. Em 11 jogos, o Remo precisa de 24 pontos, no mínimo, para conquistar o acesso.

Não é impossível, mas é improvável, levando em conta o futebol inconstante que o time pratica neste segundo turno. A derrota frente ao Atlético-GO, sábado à noite, fez muitos azulinos enrolarem a bandeira.

A demissão, tardia, do técnico Antônio Oliveira é um alento, mas não garante necessariamente uma recuperação capaz de levar à soma de pontos necessária. O campeonato afunilou de vez, todo jogo é uma decisão, pois quem está embaixo luta para não cair e do 10º lugar pra cima todos ainda alimentam esperanças de subir.

O pífio desempenho contra o Atlético retratou bem a fraca trajetória em casa sob o comando de Oliveira. Foram quatro derrotas em casa (PSC, Ferroviária, Criciúma e Atlético-GO) e uma terrível incapacidade de se impor como mandante.

As constantes mudanças na escalação evidenciaram mais indecisão do que experimentação, sempre com resultados aquém do esperado. Oliveira, mesmo na face mais positiva de sua passagem de três meses pelo Remo, não conseguiu passar confiança para o torcedor. Sai invicto (sete jogos) como visitante, mas sempre com atuações tecnicamente fracas.

A torcida, como sempre, costuma ter um faro para o potencial de técnicos e jogadores. Quando cisma com alguém, as coisas dificilmente se encaixam. Oliveira foi um caso clássico de rejeição à primeira vista. Com passagens ruins pelo Corinthians e Sport-PE, sua contratação sempre foi vista como temerária – e cara. 

O torcedor, no fim das contas, estava certo.

(Foto: Samara Miranda/Ascom CR)

Sem inspiração, Leão fracassa diante do Fenômeno

Não foi a primeira vez. Antes, o Fenômeno Azul já havia testemunhado derrotas inesperadas, mas no Mangueirão. Na volta ao Baenão, em meio a uma imensa festa – apelidada de Inferno Azul – a expectativa era de um resultado vitorioso. Ao contrário da esperada noite de alegria, a torcida saiu do estádio decepcionada com o time.

O gol de Guilherme Romão aos 13 minutos não parecia definidor do resultado, mas o Remo atuou tão mal, sem qualquer força de reação, que o placar mínimo persistiu até o final. As três chances surgidas foram desperdiçadas, numa repetição cruel dos erros de finalização que marcam a trajetória da equipe nesta Série B.

A esperança do torcedor é imensa, mas é inegável que o caminho para o acesso ficou mais estreito. Sob novo comando, o Remo terá que somar 23 dos 33 pontos que restam em disputa. Missão quase impossível.

Para não cair, Papão precisa de reação milagrosa

O 1º tempo diante do Goiás, sábado, foi uma das melhores atuações do PSC desde a goleada sobre o Coritiba. Márcio Fernandes usou o sistema 3-4-3, posicionando os alas Edilson e Bryan sempre próximos à área adversária quando o time tinha a posse de bola. Deu certo. Ficou faltando apenas o gol. 

As chances apareceram. Logo no começo, Garcez acertou um tiro na trave esquerda de Tadeu. Depois, desviou com perigo no canto. Os contra-ataques deixaram a defensiva do Goiás em apuros e a marcação alta complicou a transição adversária. Só a atuação de Rossi não empolgava. Burocrático, parece ainda fora da forma ideal.  

Na etapa final, o PSC cansou. É um dos maiores problemas da campanha, desde a era Luizinho Lopes, quando o PSC disputava quatro competições simultaneamente. Com Márcio Fernandes, o problema permanece e causa danos, afinal condicionamento físico faz toda a diferença.

Apesar do cansaço, o PSC ainda teve uma boa chance em arremate da entrada da área, mas as trocas não funcionaram. Edinho entrou desconectado das ações de ataque, Marlon e Ramon Vinícius não acrescentaram nada ao funcionamento do meio-campo. Matheus Nogueira, destaque do Papão no jogo, se virava para impedir o gol do Goiás.

As mudanças de Vagner Mancini no desfalcado Goiás (oito baixas) deram mais certo. Wellington, Esli García e Jean Carlos tornaram o ataque esmeraldino mais ágil e perigoso. Em jogada brilhante de Juninho, aos 41 minutos, a bola ficou com Jean Carlos dentro da área. O chute saiu rasteiro, no canto, sem chances para Matheus Nogueira.

Um castigo. O empate seria mais justo pelo equilíbrio do 1º tempo. Após a partida, Matheus Nogueira, o melhor em campo, citou problemas extracampo e situações “que chateiam”. Fica claro que, além dos problemas técnicos, há insatisfação interna, o que torna tudo mais difícil.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 22)

Fonte: Blog Do Gerson Nogueira

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