Neurotecnologia: Como Chips Cerebrais Estão Conectando Mentes à Máquinas

Empresas como Neuralink e Starfish Neuroscience avançam na criação de interfaces cérebro-máquina, permitindo que pensamentos controlem dispositivos e abrindo caminho para uma nova era de interação homem-máquina.

A ideia de controlar máquinas com o pensamento parece saída de um roteiro de ficção científica, mas ela está se tornando realidade graças aos avanços da neurotecnologia. A fusão entre cérebro e máquina, que por décadas ocupou o campo das especulações futuristas, agora começa a ganhar forma com implantes neurais capazes de captar sinais cerebrais e transformá-los em comandos digitais.

Neuralink: A Fronteira Liderada por Elon Musk

A startup Neuralink, fundada por Elon Musk em 2016, é hoje uma das líderes nesse setor emergente. Seu principal objetivo é criar um chip cerebral biocompatível que se comunica com computadores por meio de sinais neurais. O modelo atual, chamado Telepathy, é implantado diretamente no cérebro com a ajuda de um robô cirúrgico altamente preciso.

Em janeiro de 2024, a empresa realizou o primeiro implante em um ser humano, Noland Arbaugh, um jovem tetraplégico que passou a utilizar o chip para controlar um cursor de computador com a mente. Em vídeos divulgados pela própria Neuralink, Arbaugh navega por sites, digita, interage com sistemas digitais e até joga Civilization VI com o pensamento. Apesar de complicações técnicas, como o deslocamento de alguns fios do implante, atualizações de software recuperaram a performance do dispositivo.

Segundo a própria empresa, até 30 novos implantes estão previstos para 2025, e os resultados iniciais têm sido animadores. A Neuralink recebeu a designação “Breakthrough Device” pela FDA (órgão regulador dos EUA), o que agiliza os trâmites regulatórios para produtos com grande potencial terapêutico.

Starfish Neuroscience: Tecnologia Menos Invasiva e Potencial Terapêutico

Paralelamente, Gabe Newell, fundador da empresa de jogos Valve, está por trás da Starfish Neuroscience, que segue uma abordagem menos invasiva. Seu chip é alimentado por energia sem fio, não precisa de bateria, e interage com múltiplas regiões do cérebro simultaneamente, sendo ideal para aplicações clínicas.

A proposta da Starfish não é apenas permitir o controle de dispositivos, mas também atuar diretamente em tratamentos neurológicos, como transtornos de humor, epilepsia e Parkinson. A tecnologia pode modular regiões cerebrais específicas para restaurar padrões saudáveis de atividade elétrica — algo que pode abrir uma nova era na psiquiatria e neurocirurgia funcional.

Casos de Uso: De Reabilitação a Navegação com o Pensamento

Entre as aplicações mais promissoras estão:

Restauração de mobilidade para pessoas com paralisia;

Acesso à internet com o pensamento, navegação e escrita por meio de intenções cognitivas;

Tratamentos personalizados para depressão e ansiedade, ajustando em tempo real a atividade cerebral;

Comunicação alternativa para pacientes em estado de consciência mínima.

Pesquisas também estão explorando o uso de neurochips para memória expandida, interação direta com IA e até mesmo tradução de pensamentos em linguagem verbal.

Desafios Éticos e Legais

Com a entrada de empresas privadas nesse campo sensível, surgem preocupações sérias:

  • Privacidade mental: Quem poderá acessar seus pensamentos ou emoções?
  • Controle e segurança: Como garantir que o dispositivo não seja hackeado?
  • Desigualdade de acesso: Essa tecnologia será para todos ou apenas para elites?
  • Organizações como a UNESCO e a WEF já estão debatendo o conceito de “neurodireitos”, propondo legislações para proteger a integridade cognitiva, o livre arbítrio e o direito à autodeterminação neural.

O Amanhã Está Aqui

A neurotecnologia não é mais uma visão distante do futuro. Com grandes investimentos, resultados concretos e aplicações reais, estamos às portas de uma nova revolução — uma onde a mente não apenas pensa, mas interage diretamente com o mundo digital.

As próximas décadas podem ver o nascimento de uma nova era de humanidade aumentada, onde nossos cérebros e as máquinas não apenas coexistem, mas trabalham juntos.

Por Lucas Miranda, Escritor, designer, gestor de IA e Pro-player nas horas vagas

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