Comissão eleitoral da Rede classifica nota de Marina Silva como “desespero”

O grupo ligado à Marina Silva passou a questionar o processo após resultados adversos nos estados

A comissão eleitoral da Rede Sustentabilidade negou que tenham ocorrido irregularidades no processo eleitoral da legenda e classificou a nota pública divulgada pela ala ligada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de “desespero político”.
Em comunicado ao jornal Valor para responder à nota pública, a comissão eleitoral do partido afirmou que, além de equivocada, impõe aos signatários da carta que provem “as graves acusações que apresentam” e que ofendem a honra de quem dirigiu o processo eleitoral.

O documento foi assinado por Iaraci Dias, Zé Gustavo e Giovanni Mockus, além da ministra. A comissão eleitoral disse que o grupo minoritário, “autodenominado Rede Vive”, participou de todas as etapas de aprovação das regras e da realização do VI Congresso Nacional da Rede Sustentabilidade.
Afirmaram também que o grupo ligado à Marina passou a questionar o processo apenas após os resultados das conferências estaduais, especialmente diante da derrota de representantes em estados onde antes detinham maioria, como Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Para a comissão eleitoral, ficou evidente que haveria uma acentuada redução no percentual de participação da ala marinista na direção nacional.
“Não restam dúvidas de que a queda da representatividade do grupo — que antes detinha cerca de 40% da direção e agora obteve apenas 26,5% — tem motivado a busca por subterfúgios na tentativa de invalidar o processo”, disse a comissão.
O grupo que comandou o processo eleitoral disse dispor de milhares de documentos que demonstram “a lisura e a transparência de todo o processo, desde as conferências municipais realizadas em todo o Brasil, passando pelas etapas estaduais, até a fase nacional.”
Além disso, a comissão acusa o grupo de litigância de má-fé ao protocolar dezenas de ações judiciais antes do congresso da Rede a fim de tentar impedir a realização do evento.

“Antes do Congresso, chegaram a tentar boicotar o pagamento aos fornecedores do evento na esperança de inviabilizar sua realização, o que de pronto foi impedido pela justiça.
Até o momento, a verdade tem prevalecido, e todas as tentativas de judicialização foram infrutíferas”, disse a comissão eleitoral da Rede. E prossegue.
“Impõe-se ao grupamento derrotado nas urnas e que agora parte para a calúnia à comissão eleitoral, que comprove suas acusações sob pena de responsabilização civil e criminal.”

Judicialização

Foram eleitos no fim de semana passado Paulo Lamac e Iaraci Dias para os cargos de porta-vozes da Rede Sustentabilidade, que equivalem ao de presidente da legenda. A judicialização da eleição é mais um capítulo na briga entre a ministra e a ex-senadora Heloísa Helena pelo comando da Rede.
Lamac, atual secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, é ligado ao grupo de Heloísa Helena e sucede à ex-senadora, cujo mandato termina oficialmente em maio. Dias pertence à ala de Marina Silva.
Entre outros pontos, na nota pública, Marina Silva, Iaraci Dias, Zé Gustavo e Giovanni Mockus afirmam que houve “flagrante desrespeito ao estatuto da Rede” e que cerca de 43% dos delegados da chapa da ministra foram “arbitrariamente cancelados”.
Paulo Lamac, porta-voz eleito e ligado ao campo partidário de Heloísa Helena, afirmou que a prioridade de todos na Rede deve ser a de pacificar e preparar o partido para as disputas eleitorais de 2026.
“Sempre dialogamos. Mas para o diálogo avançar é necessário humildade, que começa com o reconhecimento, por parte do grupo minoritário, da lisura do processo. As regras foram seguidas e eles perderam. Enquanto eles negarem os fatos para esconder que são minoria, não há diálogo possível”, disse Elson Lourinho, porta-voz estadual da Rede no Pará.
Lourinho endossa a opinião do novo porta-voz nacional, Paulo Lamac, para o qual “mágoa e ódio nunca foram boa fórmula para resolver problemas de natureza política” e que insiste na necessidade de unidade partidária e de uma solução dialogada para “resolvermos os problemas internos da Rede”.
O que não podemos tolerar”, disse Lourinho, “é sermos acusados de fraude sempre que os interesses do grupo da Ministra forem contrariados”.

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