DDN – Como vocês descreveriam a trajetória da Rede Sustentabilidade no Pará desde sua fundação?
Elson Lourinho – Nossa trajetória é como a jornada do herói, marcada por desafios. Após o sucesso eleitoral em 2016, quando nossa candidata, Úrsula Vidal, obteve mais de 80 mil votos em Belém, enfrentamos dificuldades financeiras e o consequente esvaziamento do partido. Isso mudou com a chegada de Chico Cavalcante, que iniciou o trabalho de reconstruir a Rede. Hoje contabilizamos um aumento em mais de 300% no número de filiados e estamos organizando em todas as mesorregiões do estado.
Andréa Amador – O trabalho deu frutos. Em 2024, apresentamos candidatos em diversos municípios e lançamos cerca de 210 candidatos proporcionais, conquistando mais de 30 mil votos e elegendo cinco vereadores, incluindo um representante na capital. Isso demonstra a crescente aceitação da Rede, o que sinaliza nossa trajetória crescente.
DDN – Quais são os principais pilares da Rede Sustentabilidade e como se refletem nas ações do partido no Pará?
Elson Lourinho – A Rede se fundamenta em princípios humanistas e ambientalistas, focando na sustentabilidade e justiça social. Nossas ações incluem apoio a políticas públicas que respeitem o meio ambiente e a luta por direitos sociais, promovendo a participação popular nas decisões políticas.
Andréa Amador – Promovemos uma nova cultura política que valoriza o diálogo e a inclusão, fundamentais para um modelo político mais justo e eficiente.
DDN – Quais foram os principais avanços da Rede nas eleições de 2024?
Andréa Amador – Nos consolidamos como uma força política relevante no estado, superando, em número de vereadores eleitos, partidos como PV, PCdoB e PSOL. A eleição de Igor Andrade, da Rede, na capital, é um marco, mostrando que estamos fortes e que a população apoia propostas que priorizam sustentabilidade e justiça social.
Elson Lourinho – Destacamos a ampliação da nossa base de apoio e a participação em coligações estratégicas, alinhando nosso discurso com aqueles que compartilham nossos valores. Acumular mais de 30 mil votos em nossas chapas proporcionais sem estrutura, sem o dinheiro de emendas parlamentares e sem compra de votos é uma conquista extraordinária.
DDN – Como a Rede se posiciona em relação ao cenário político e econômico do Brasil?
Elson Lourinho – Apoiamos o governo Lula e mantemos uma postura crítica em relação a políticas pontuais. O cenário é polarizado e exige ações imediatas, especialmente em relação à crise climática. Defendemos mudanças no modelo econômico que priorizem o desenvolvimento inclusivo e sustentável, com políticas que combatam desigualdades sociais.
Andréa Amador – É urgente realizar reformas políticas que garantam transparência e participação popular, assegurando que as vozes da sociedade sejam ouvidas.
DDN – Qual a importância da participação popular e do diálogo na construção de um futuro sustentável?
Elson Lourinho – A participação popular é fundamental. Por isso promovemos espaços de diálogo e encontros periódicos, onde as pessoas podem contribuir com ideias para políticas públicas mais efetivas. Somos um partido militante, um partido que abraça causas. E essa é a nossa força.
Andréa Amador – O diálogo e a mobilização são essenciais para criar um ambiente político que prioriza a construção coletiva. Existimos para transformar a política em uma construção de muitos e não num ato automático que se limita a uma visita às urnas de dois em dois anos. A política é um ato cotidiano para nós.
DDN – Quais são os próximos passos da Rede no Pará?
Andréa Amador – Vamos organizar conferências municipais e intensificar a formação de novas lideranças, além de dialogar com a população sobre suas necessidades. Após as conferências e da eleição da direção estadual, faremos uma grande campanha de filiação e começaremos a discutir as táticas para as eleições de 2026.
Elson Lourinho – Pretendemos ampliar nossa atuação em questões ambientais e buscar parcerias com organizações sociais para fortalecer nossa atuação a partir de causas com as quais nos identificamos. A luta por saneamento, por exemplo, na qual pretendemos nos engajar cada vez mais, é uma luta pelo meio ambiente, considerando que os aglomerados humanos, as cidades, são parte desse meio ambiente e não existe sustentabilidade que ignore a vida humana.
DDN – Como a Rede vê a COP30 em Belém em 2025?
Elson Lourinho – A COP30 é importante para discussão de uma série de temas, fundamentais no abrandamento da crise climática, que está em curso. A COP 30, que será realizada no Belém, em novembro, está entre os eventos mais destacados do planeta, que diferente das edições passadas, tem maior peso simbólico. É fundamental que a conferência envolva a participação da população, especialmente das comunidades locais e trabalharemos para dar vazão a essa voz.
Andréa Amador – A COP30 deve mostrar iniciativas positivas do Pará e fortalecer o diálogo global sobre desenvolvimento sustentável e justiça social. Uma das campanhas que desenvolveremos esse ano tem a ver com o uso de plástico. É urgente limitar a produção do material, por mais que as indústrias petroquímicas batalhem para não diminuir o crescimento das empresas. Estudo da Fundação Ellen MacArthur e do World Economic Forum constataram que haverá mais plástico nos Oceanos do que peixes até 2050, caso nada seja feito. É preciso reciclar mais e produzir menos, itens considerados dispensáveis, caso das sacolas de supermercados, entre outros.
DDN – Quais iniciativas a Rede pretende apoiar para garantir resultados significativos na COP30?
Elson Lourinho – Além da campanha de conscientização sobre o uso do plástico, planejamos promover eventos nas periferias e comunidades, que chamamos de “COP pela Base”, ouvindo, mobilizando e educando pessoas, envolvendo a população local e garantindo que as pautas de justiça climática sejam priorizadas nesse debate. Estamos presentes na Cúpula dos Povos, evento paralelo que mobiliza povos tradicionais, movimentos sociais e organizações da sociedade civil. O objetivo é pressionar tomadores de decisões para que se avancem nos direitos territoriais e ambientais dos povos.
Andréa Amador – Esse trabalho será feito em conjunto com a sociedade civil. Já estamos articulando parcerias com ONGs e movimentos sociais para criar um ambiente de troca de conhecimentos e experiências tanto no interior quanto nos distritos da capital. A Rede entende que os povos tradicionais, como os indígenas, quilombolas e ribeirinhos, têm uma relação ancestral com o meio ambiente, contribuem ativamente para a preservação da biodiversidade e precisam ser ouvidos.
DDN – Que mensagem a Rede gostaria de passar em relação à COP30?
Andréa Amador – A COP30 é uma atividade da ONU, envolvendo a representação de mais de um centena de países. E isso ocorrerá independente do que nós passamos fazer. No entanto, a população deve se mobilizar e reivindicar que suas vozes sejam ouvidas. Esse evento acontecer na região com maior floresta em pé do país, a Floresta Amazônica, tem um simbolismo muito forte. Vivemos aqui. Somos alvo incansável do garimpo, das madeireiras e do agronegócio. Os olhos do mundo estarão todos voltados para essa área de biodiversidade, tão preciosa, que está em risco. Da nossa parte, como partido, faremos de tudo para que as vozes da Amazônia sejam ouvidas.
Elson Lourinho – Proteger as florestas, grandes sumidouros de carbono, emitido pela queima de combustível fóssil, é fundamental para a nossa sobrevivência. E este será um dos temas da COP30 e da , que também volta a abordar mais ação na troca da matriz energética do mundo, que se desenvolve na contramão da sustentabilidade, ao continuar aumentando a queima do carbono. Precisamos nos unir para preservar nosso planeta. A Rede está comprometida em ser uma ponte entre as demandas da sociedade e as decisões da COP30. Vamos juntos garantir que as políticas climáticas reflitam as necessidades do nosso povo.