Evento reuniu lideranças nacionais e internacionais, destacou avanços locais, formalizou adesão a programa de sustentabilidade e abriu o espaço para a sociedade civil se manifestar.
Ananindeua sedia Fórum Internacional e se insere nos debates da agenda climática

O Teatro Municipal de Ananindeua tornou-se palco de discussões globais durante o segundo dia do Fórum Internacional Ananindeua Pré-COP 30. O evento, que antecede a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, reuniu líderes, especialistas, acadêmicos e representantes da sociedade civil e do setor privado com o objetivo de fomentar o diálogo e a cooperação para o avanço da sustentabilidade.
A cerimônia também celebra os 25 anos da Carta da Terra, documento fundador do movimento global por um mundo mais justo, sustentável e pacífico.

O prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos, abriu os discursos destacando a transformação pela qual o município passa. Ele enfatizou a saída da cidade das últimas colocações nos rankings nacionais de saneamento básico e a ascensão para posições mais dignas. “O município de Ananindeua é hoje um exemplo em saneamento básico. Estamos trabalhando para transformar a cidade e ordenando por meio da regularização fundiária, e preservando nossas áreas verdes com a implantação do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e outros”, afirmou Dr. Daniel, enviando uma mensagem contundente sobre o desenvolvimento do estado: “A COP está sendo realizada no Pará e todos os municípios deveriam participar e ter o seu espaço de fala”, finalizou o Prefeito.
Como símbolo do compromisso com o meio ambiente, a gestão municipal, representada pelo prefeito Daniel Santos e pelo vice-prefeito Dr. Hugo Atayde, formalizaram a adesão ao Programa Cidades Sustentáveis.
A coordenadora nacional do programa, Zuleica Goulart, explicou que a iniciativa oferece, de forma gratuita, uma plataforma completa de diagnóstico, planejamento e gestão para a implementação da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos municípios signatários.
“O prefeito Daniel fez a adesão agora, mais uma cidade aqui no estado do Pará que participa do programa. A gente só está trazendo valor agregado para apoiar o município e se tornar uma referência”, declarou a coordenadora, acrescentando que Ananindeua tem a capacidade de assumir um protagonismo na agenda de sustentabilidade pela sua localização estratégica.


A relevância do fórum foi atestada pela presença de autoridades internacionais. Pedro Arrojo, Relator Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos à Água Potável e ao Saneamento, veio da Espanha para participar do evento. Em sua fala, ele conectou a Carta da Terra à luta pelo direito humano à água.
“Não haverá possibilidade de chegar a garantir a água potável e o saneamento para os mais de 2.000 milhões de pessoas que não têm acesso, se não fizermos as pazes com os rios e os ecossistemas aquáticos dos quais depende a vida”, argumentou Arrojo, defendendo que este princípio é fundamental para se alcançar os ODS.

A ministra Márcia Lopes, do Ministério das Mulheres, se disse honrada em participar do evento. “Este evento é maravilhoso e nos dá respostas para todas as áreas da transição climática, da educação, da solidariedade, da equidade de gênero”, avaliou, elogiando a acolhida da prefeitura e anunciando sua intenção de visitar a Casa da Mulher Brasileira no município.
A Luta Contra o Aterro no Acará
Se por um lado o evento celebrou compromissos e avanços, também serviu como palco para denúncias. Jessica Fraga, representante do movimento “Lixão Aqui Não”, subiu ao palco para alertar sobre o projeto de aterro sanitário na região do Acará, que, segundo ela, ameaça um ecossistema vital.
“É uma área inapta ao empreendimento, porque é uma área de nascente de água, é uma área de mata preservada”, explicou Fraga. Ela informou que a Secretaria de Meio Ambiente do Estado já indeferiu o licenciamento ambiental quatro vezes, mas a empresa responsável recorreu à Justiça.

“Os impactos ambientais serão incalculáveis. O desmatamento de mais de 100 hectares de mata, a gente vai ter a supressão de algumas nascentes e a contaminação de todas”, alertou. A ativista fez um apelo para que o governo do estado busque tecnologias alternativas ao aterro ou encontre uma localidade mais adequada, aproveitando o momento da Pré-COP 30 de Ananindeua. “O que a gente está tentando preservar lá é o recurso hídrico. Tudo isso está sendo ameaçado”, explicou Jessica.

Em meio aos desafios e conquistas, Mirian Vilela, representante da Carta da Terra Internacional, enxerga em Ananindeua um potencial exemplo. “Quando a gente fala de sustentabilidade, muito é resolvido a nível local e para isso se requer vontade política”, disse. “Eu quero felicitar Ananindeua pelo compromisso de trazer a sustentabilidade à prática e ser um referente de como pode ser transformado um município que seja um farol no caminho para um mundo mais justo, sustentável e pacífico”, falou Mirian.
O Fórum de Ananindeua deixou claro que o caminho para a COP-30, que acontece na capital Paraense, passa necessariamente pelo debate local, onde as grandes promessas de sustentabilidade são testadas contra a realidade de seus impactos e contradições.



Fonte: Ananews.





